domingo, 24 de maio de 2015

A escultura na Oceania

A escultura, arte que se expressa através da criação de formas plásticas, foi de extrema relevância na década de 30. Nesse período, o Surrealismo conquistou ainda mais adeptos de sua ideologia, sendo largamente difundido nos grandes centros culturais do planeta: Europa e Estados Unidos. Isso, no entanto, não significa que outros continentes tenham ficado de fora do circuito artístico do planeta.
Na Oceania, apesar da diminuição da velocidade em relação a produções artísticas, a escultura sempre teve muita força, fosse por meio das influências dos colonizadores, fosse por meio da identidade nativa. Austrália e Nova Zelândia, como sendo os principais países do continente, tiveram suas esculturas mais divulgadas e conhecidas, porém, apenas após a década de 50.
"Fairies' Tree" - Ola Cohn
Por influência dos colonizadores ingleses, pode-se ter como melhor referência grandes artistas de descendência europeia, como Ola Cohn (1892 – 1964) e William Leslie Bowles (1885 – 1954). Além disso, deve-se considerar a força da identidade dos nativos locais, que defendiam um lado considerado, à época, primitivo.
Ola Cohn, australiana de Bendigo, ficou conhecida por seu estilo modernista ao esculpir em madeira, bronze e pedra. Sua mais famosa obra, “Fairies’ Tree” foi feita entre 1931 e 1934 como uma doação às crianças de Melbourne. Tal obra nos revela muito de seu estilo, baseado fortemente em cenas e fatos mitológicos, mas de relação distante à cultura original da Austrália.
William Leslie Bowles
Outro grande escultor foi William Leslie Bowles. Natural de Sydney, lutou como soldado durante a Primeira Guerra Mundial e, após tal episódio, estabeleceu-se em seu país como escultor. Começou seu trabalho no estúdio “Mackennal’s”, logo transformando-se em membro da Sociedade Real de Escultores Britânicos. Por ter sido mais relacionado a grandes monumentos e desenho em moedas da época, o acesso às suas obras torna-se difícil. 
Os aborígenes australianos, por outro lado, foram em uma contracorrente do ritmo de produção de escultores influenciados pelo estilo europeu. A escultura aborígine era feita principalmente com fibras e utilizada em rituais religiosos. Nesses rituais, as fibras eram utilizadas por dançarinos que carregavam a figura de um animal. Dentro de cada uma das comunidades de povos aborígenes em todo o território australiano o processo ritual sofria breves alterações, mas a arte esculpida era semelhante entre todas elas. As fibras utilizadas eram de “Flagellaria indica” e “Pandanus spiralis”, uma espécie de palmeira.
Escultura em fibra aborígene
A Nova Zelândia, caminhando em outro ritmo, não teve escultores notavelmente influenciados pelo estilo dos colonizadores, mantendo, assim, a força da escultura Maori. A “Whakairo”, como é chamada pelos nativos, é um tipo de escultura entalhada que pode ser realizada em ossos, pedras ou madeiras. Os ossos eram utilizados para anzóis e agulhas; as pedras, especialmente a jade (Pounamu) era a matéria prima para inúmeras ferramentas de tipos variados; finalmente, a madeira era transformada em casas, armazenadores, ferramentas e “Taiahas”, uma espécie de bastão utilizado em guerras.
A Whakairo é facilmente identificada por suas formas geométricas e linhas bem demarcadas, bem como pela ausência de perspectiva e profundidade, mas enorme riqueza em detalhes mínimos. É fortemente associada a imagens e rituais religiosos e é uma arte de descendência, pois, além de ser passada de pai para filho, acompanha sempre a mesma linhagem de uma família.
Whakairo
Alguns grandes escultores Maoris foram: Eramiha Neke Kapua (1867 – 1955), filho de Neke Kapua, outro escultor; Piri Poutapu (1905 – 1975), que aprendeu de Eramiha Neke Kapua de 1929 a 1932, quando voltou para sua terra natal e estabeleceu uma escola de whakairo; os irmãos Pine e Hone Taiapa (1901 – 1972 e 1911 – 1979, respectivamente), que trabalharam com Piri Poutapu no mesmo período em que este esteve com Eramiha e que, juntamente a Apirana Ngata, político e advogado, ajudaram a reintroduzir os valores da cultura Maori na Nova Zelândia; Tene Aitere, morto em 1931, entre muitos outros.
Desta forma, podemos ver que, durante a década de 30, a Oceania, mesmo não produzindo necessariamente aquilo que estava em alta no resto do mundo, teve uma grande atividade no campo escultural, mantendo uma forte identidade que pode ser observada até hoje. Todas essas obras de arte podem ser encontradas por turistas em museus espalhados por todo o continente.

Maria Carolina D’ávilla – nº 21

Bibliografia:

Um comentário:

  1. Maria Carolina, seu texto está muito bom. Sugiro:
    3º parágrafo - Escreva: (...) PODEM-SE TER COMO MELHORES REFERÊNCIAS (...)
    4º parágrafo - Escreva: (...) DISTANTE DA CULTURA ORIGINAL (...)
    Beijos de obrigada.
    Eliana.

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