A
escultura, arte que se expressa através da criação de formas plásticas, foi de
extrema relevância na década de 30. Nesse período, o Surrealismo conquistou
ainda mais adeptos de sua ideologia, sendo largamente difundido nos grandes
centros culturais do planeta: Europa e Estados Unidos. Isso, no entanto, não
significa que outros continentes tenham ficado de fora do circuito artístico do
planeta.
Na
Oceania, apesar da diminuição da velocidade em relação a produções artísticas, a
escultura sempre teve muita força, fosse por meio das influências dos
colonizadores, fosse por meio da identidade nativa. Austrália e Nova Zelândia,
como sendo os principais países do continente, tiveram suas esculturas mais
divulgadas e conhecidas, porém, apenas após a década de 50.
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"Fairies' Tree" - Ola Cohn |
Por
influência dos colonizadores ingleses, pode-se ter como melhor referência grandes
artistas de descendência europeia, como Ola Cohn (1892 – 1964) e William Leslie
Bowles (1885 – 1954). Além disso, deve-se considerar a força da identidade dos
nativos locais, que defendiam um lado considerado, à época, primitivo.
Ola
Cohn, australiana de Bendigo, ficou conhecida por seu estilo modernista ao
esculpir em madeira, bronze e pedra. Sua mais famosa obra, “Fairies’ Tree” foi
feita entre 1931 e 1934 como uma doação às crianças de Melbourne. Tal obra nos
revela muito de seu estilo, baseado fortemente em cenas e fatos mitológicos,
mas de relação distante à cultura original da Austrália.
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William Leslie Bowles |
Outro
grande escultor foi William Leslie Bowles. Natural de Sydney, lutou como
soldado durante a Primeira Guerra Mundial e, após tal episódio, estabeleceu-se
em seu país como escultor. Começou seu trabalho no estúdio “Mackennal’s”, logo
transformando-se em membro da Sociedade Real de Escultores Britânicos. Por ter
sido mais relacionado a grandes monumentos e desenho em moedas da época, o
acesso às suas obras torna-se difícil.
Os
aborígenes australianos, por outro lado, foram em uma contracorrente do ritmo
de produção de escultores influenciados pelo estilo europeu. A escultura
aborígine era feita principalmente com fibras e utilizada em rituais
religiosos. Nesses rituais, as fibras eram utilizadas por dançarinos que
carregavam a figura de um animal. Dentro de cada uma das comunidades de povos
aborígenes em todo o território australiano o processo ritual sofria breves
alterações, mas a arte esculpida era semelhante entre todas elas. As fibras
utilizadas eram de “Flagellaria indica” e “Pandanus spiralis”, uma espécie de
palmeira.
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Escultura em fibra aborígene |
A
Nova Zelândia, caminhando em outro ritmo, não teve escultores notavelmente
influenciados pelo estilo dos colonizadores, mantendo, assim, a força da
escultura Maori. A “Whakairo”, como é chamada pelos nativos, é um tipo de
escultura entalhada que pode ser realizada em ossos, pedras ou madeiras. Os
ossos eram utilizados para anzóis e agulhas; as pedras, especialmente a jade
(Pounamu) era a matéria prima para inúmeras ferramentas de tipos variados;
finalmente, a madeira era transformada em casas, armazenadores, ferramentas e
“Taiahas”, uma espécie de bastão utilizado em guerras.
A
Whakairo é facilmente identificada por suas formas geométricas e linhas bem
demarcadas, bem como pela ausência de perspectiva e profundidade, mas enorme
riqueza em detalhes mínimos. É fortemente associada a imagens e rituais
religiosos e é uma arte de descendência, pois, além de ser passada de pai para
filho, acompanha sempre a mesma linhagem de uma família.
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Whakairo |
Alguns
grandes escultores Maoris foram: Eramiha Neke Kapua (1867 – 1955), filho de
Neke Kapua, outro escultor; Piri Poutapu (1905 – 1975), que aprendeu de Eramiha
Neke Kapua de 1929 a 1932, quando voltou para sua terra natal e estabeleceu uma
escola de whakairo; os irmãos Pine e Hone Taiapa (1901 – 1972 e 1911 – 1979,
respectivamente), que trabalharam com Piri Poutapu no mesmo período em que este
esteve com Eramiha e que, juntamente a Apirana Ngata, político e advogado,
ajudaram a reintroduzir os valores da cultura Maori na Nova Zelândia; Tene
Aitere, morto em 1931, entre muitos outros.
Desta
forma, podemos ver que, durante a década de 30, a Oceania, mesmo não produzindo
necessariamente aquilo que estava em alta no resto do mundo, teve uma grande
atividade no campo escultural, mantendo uma forte identidade que pode ser
observada até hoje. Todas essas obras de arte podem ser encontradas por
turistas em museus espalhados por todo o continente.
Maria
Carolina D’ávilla – nº 21
Bibliografia:
Maria Carolina, seu texto está muito bom. Sugiro:
ResponderExcluir3º parágrafo - Escreva: (...) PODEM-SE TER COMO MELHORES REFERÊNCIAS (...)
4º parágrafo - Escreva: (...) DISTANTE DA CULTURA ORIGINAL (...)
Beijos de obrigada.
Eliana.