A África possui uma rica e variada literatura que foi
se desenvolvendo através dos tempos. Sua literatura escrita esteve sempre em
débito com a literatura oral, na qual se incluem os contos populares, frutos da
imaginação popular cujos personagens mais famosos são a tartaruga, a lebre e a
aranha, difundidos por todo o continente e também no Caribe, Estados Unidos e
Brasil, como resultado do tráfico de escravos africanos. A primeira literatura
escrita aparece no norte da África e, assim como as obras do teólogo cristão
Santo Agostinho e do historiador islâmico do século XIV Ibn Khaldun, apresenta
fortes vínculos com as literaturas latina e árabe. As primeiras obras escritas
da África ocidental datam do século XVI e são fruto do trabalho de eruditos
islâmicos sudaneses. A primeira poesia escrita era de caráter religioso e o
poeta mais relevante foi Abdulah ibn Muhammed Fudi.
Na África, as obras literárias serviam para
denunciar aquilo que não estava correto, mostrar os contrastes políticos e
sociais e conclamar as pessoas para a necessidade de mudança. Sempre que se
fala em África logo vêm à memória pobreza, sofrimento, escravidão, mas, o que
todos não sabem é que a literatura africana é muito rica. As
literaturas africanas de língua portuguesa são ainda jovens, têm
aproximadamente, 160 anos de existência. Apesar de os primeiros textos e
poesias datarem da segunda metade do século XIX onde mantém-se a rima final em
grande parte destes e a medida da redondilha maior, características tradicionais
de muita poesia popular europeia, sabe-se que esse tipo de procedimento
literário não procede da tradição popular africana , só no século XX, na década
de 30, em Cabo Verde (com Claridade) de Manuel Lopes
é que se abandona esses princípios poéticos, enfileirando no cultivo do verso
livre, aproveitando a lição do modernismo português e brasileiro. Quando os poetas de Cabo Verde
dispensam as alusões clássicas greco-latinas ou renascentistas (em que era
pródigo um José Lopes) e assumem a modernidade discursiva e textual,
configurando efeitos de referencialidade que passam pela concreticidade da
denúncia frontal ou velada da exploração, opressão e repressão do sistema
colonial, a literatura deixa de poder integrar pacificamente as antologias e
histórias da literatura portuguesa. Marcada por transparentes desejos de
emancipação, liberdade, autodeterminação e independência, a literatura
africana, em geral, fala de conflitos sociais, do estatuto do colonizado, de
guerras (de guerrilhas) e de revolução, ainda que, muitas vezes, sob o manto
diáfano da criptografia.
Encerrado o ciclo da imprensa e da
literatura livres de condicionalismos políticos, abriram-se as portas à
literatura colonial, apoiada por organismos do Estado português. Uma torrente
de prosa exótica sufocou a metrópole e ratificou o espírito tarzanístico. Os
intelectuais africanos retiraram-se para as suas associações culturais ou
políticas disfarçadas de recreativas e só muito esporadicamente criaram algo de
novo, na tradição do século XIX. Foi necessário esperar por 1936, em Cabo
Verde, 1942, em Portugal, e 1948, em Angola, para que as literaturas africanas
de língua portuguesa não mais deixassem de ter sequência. Ao surto definitivo
dessas literaturas não são alheios os acontecimentos políticos e militares de
1936 a 1945.
Poema de Costa Alegre, um dos
percursores da literatura africana de expressão portuguesa no domínio poético.
Tu tens horror de mim, bem sei, Aurora,
Tu és o dia, eu sou a noite espessa,
Onde eu acabo é que o teu ser começa.
Tu és o dia, eu sou a noite espessa,
Onde eu acabo é que o teu ser começa.
Não amas!... Flor, que esta minha alma adora.
És
a luz, eu a sombra pavorosa,
Eu sou a tua antítese frisante,
Mas não estranhes que te aspire formosa,
Do carvão sai o brilho do diamante.
Eu sou a tua antítese frisante,
Mas não estranhes que te aspire formosa,
Do carvão sai o brilho do diamante.
(Costa Alegre, Aurora,
in Versos, 1946, p.26).
Luciane A. Santos da Silva - Nº 18
Bibliografia:
http://www.grupoescolar.com/pesquisa/literatura-africana.html
http://lusofonia.com.sapo.pt/LA.htm
Luciane, este texto está muito bom, mas igual ao material pesquisado. Não há sugestões de refacção.
ResponderExcluirBeijos, Eliana.