domingo, 24 de maio de 2015

Literatura no continente africano

A África possui uma rica e variada literatura que foi se desenvolvendo através dos tempos. Sua literatura escrita esteve sempre em débito com a literatura oral, na qual se incluem os contos populares, frutos da imaginação popular cujos personagens mais famosos são a tartaruga, a lebre e a aranha, difundidos por todo o continente e também no Caribe, Estados Unidos e Brasil, como resultado do tráfico de escravos africanos. A primeira literatura escrita aparece no norte da África e, assim como as obras do teólogo cristão Santo Agostinho e do historiador islâmico do século XIV Ibn Khaldun, apresenta fortes vínculos com as literaturas latina e árabe. As primeiras obras escritas da África ocidental datam do século XVI e são fruto do trabalho de eruditos islâmicos sudaneses. A primeira poesia escrita era de caráter religioso e o poeta mais relevante foi Abdulah ibn Muhammed Fudi.
Na África, as obras literárias serviam para denunciar aquilo que não estava correto, mostrar os contrastes políticos e sociais e conclamar as pessoas para a necessidade de mudança. Sempre que se fala em África logo vêm à memória pobreza, sofrimento, escravidão, mas, o que todos não sabem é que a literatura africana é muito rica. As literaturas africanas de língua portuguesa são ainda jovens, têm aproximadamente, 160 anos de existência. Apesar de os primeiros textos e poesias datarem da segunda metade do século XIX onde mantém-se a rima final em grande parte destes e a medida da redondilha maior, características tradicionais de muita poesia popular europeia, sabe-se que esse tipo de procedimento literário não procede da tradição popular africana , só no século XX, na década de 30, em Cabo Verde (com Claridade) de Manuel Lopes é que se abandona esses princípios poéticos, enfileirando no cultivo do verso livre, aproveitando a lição do modernismo português e brasileiro. Quando os poetas de Cabo Verde dispensam as alusões clássicas greco-latinas ou renascentistas (em que era pródigo um José Lopes) e assumem a modernidade discursiva e textual, configurando efeitos de referencialidade que passam pela concreticidade da denúncia frontal ou velada da exploração, opressão e repressão do sistema colonial, a literatura deixa de poder integrar pacificamente as antologias e histórias da literatura portuguesa. Marcada por transparentes desejos de emancipação, liberdade, autodeterminação e independência, a literatura africana, em geral, fala de conflitos sociais, do estatuto do colonizado, de guerras (de guerrilhas) e de revolução, ainda que, muitas vezes, sob o manto diáfano da criptografia.            
Encerrado o ciclo da imprensa e da literatura livres de condicionalismos políticos, abriram-se as portas à literatura colonial, apoiada por organismos do Estado português. Uma torrente de prosa exótica sufocou a metrópole e ratificou o espírito tarzanístico. Os intelectuais africanos retiraram-se para as suas associações culturais ou políticas disfarçadas de recreativas e só muito esporadicamente criaram algo de novo, na tradição do século XIX. Foi necessário esperar por 1936, em Cabo Verde, 1942, em Portugal, e 1948, em Angola, para que as literaturas africanas de língua portuguesa não mais deixassem de ter sequência. Ao surto definitivo dessas literaturas não são alheios os acontecimentos políticos e militares de 1936 a 1945.
Poema de Costa Alegre, um dos percursores da literatura africana de expressão portuguesa no domínio poético.
Tu tens horror de mim, bem sei, Aurora,
Tu és o dia, eu sou a noite espessa,
Onde eu acabo é que o teu ser começa.
Não amas!... Flor, que esta minha alma adora.
És a luz, eu a sombra pavorosa,
Eu sou a tua antítese frisante,
Mas não estranhes que te aspire formosa,
Do carvão sai o brilho do diamante.
 (Costa Alegre, Aurora, in Versos, 1946, p.26).

Luciane A. Santos da Silva - Nº 18

Bibliografia:
http://www.grupoescolar.com/pesquisa/literatura-africana.html
http://lusofonia.com.sapo.pt/LA.htm



Um comentário:

  1. Luciane, este texto está muito bom, mas igual ao material pesquisado. Não há sugestões de refacção.
    Beijos, Eliana.

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